IOF sobe em operações no exterior, mas Receita descarta cobrança retroativa

O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) voltou ao centro das atenções após o STF restabelecer decretos do governo federal que aumentam as alíquotas do tributo em operações de crédito, câmbio e seguro. A medida já está valendo, o que impacta diretamente quem faz compras internacionais, envia dinheiro para o exterior ou utiliza cartões de crédito fora do país.

Muita gente ficou apreensiva com a possibilidade de cobrança retroativa, especialmente quem realizou transações internacionais entre junho e julho, quando os decretos estavam suspensos. Mas a Receita Federal esclareceu que não haverá cobrança retroativa. Ou seja, quem comprou moeda estrangeira ou usou o cartão internacional nesse período não será afetado.

O que disse a Receita Federal

A Receita informou que as instituições financeiras e demais responsáveis pelo recolhimento do IOF não precisarão repassar valores referentes ao período de suspensão dos decretos.

“As instituições financeiras e demais responsáveis tributários, inclusive substitutos tributários, não são obrigadas a realizar o recolhimento do IOF retroativamente”, afirmou a Receita em nota oficial.

A decisão dá mais segurança para quem já havia feito operações antes do aumento ser restabelecido.

Veja como ficam as novas alíquotas do IOF

A partir de 16 de julho, passaram a valer os percentuais originalmente propostos nos decretos. Confira as mudanças:

Operações ligadas a viagens internacionais

  • Alíquota unificada de 3,5% para:
    • Compra de moeda estrangeira
    • Cartões de crédito e débito utilizados no exterior
    • Cartões pré-pagos internacionais
    • Remessas internacionais
    • Empréstimos de até 365 dias

Crédito para empresas

  • Empresas em geral: alíquota de até 3,38% ao ano (antes era 1,88%)
  • Empresas do Simples Nacional: alíquota de até 1,95% ao ano

Planos de previdência (VGBL)

  • Aportes até R$ 300 mil por ano seguirão isentos até 2025
  • A partir de 2026, o limite de isenção sobe para R$ 600 mil por ano
  • Valores que excederem esses tetos terão IOF de 5%

Por que o governo aumentou o IOF?

A mudança faz parte do esforço do governo para reforçar o caixa em 2025. Com o bloqueio de R$ 31,3 bilhões em despesas para cumprir a meta fiscal, a saída encontrada foi ampliar a arrecadação. A previsão é de que o aumento do IOF traga um reforço de R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026.

O que o consumidor deve fazer agora?

  • Não há risco de cobrança retroativa, mas as novas alíquotas já estão valendo
  • Quem planeja viajar, enviar dinheiro ao exterior ou usar o cartão internacional deve revisar os custos
  • Vale a pena simular operações futuras para evitar surpresas

Qual o impacto para quem viaja e usa cartão como o Wise?

O aumento do IOF afeta diretamente quem costuma fazer operações em moeda estrangeira, seja para viajar, enviar dinheiro ao exterior ou comprar dólar por plataformas como Wise, Remessa Online e outras.

Antes da mudança, o IOF para esse tipo de operação era de 1,1%. Agora, com a alíquota unificada em 3,5%, o custo sobe consideravelmente.

Exemplo prático: envio de US$ 100 via Wise

SituaçãoIOF (%)Valor do IOF (R$) considerando dólar a R$ 5,50
Antes (IOF 1,1%)1,1%R$ 6,05
Agora (IOF 3,5%)3,5%R$ 19,25

Ou seja, para enviar ou gastar US$ 100 no exterior, o custo com IOF triplicou, passando de pouco mais de R$ 6 para quase R$ 20.

Esse aumento reduz a eficiência de cartões internacionais como o Wise, que sempre foram uma alternativa mais econômica aos cartões de crédito tradicionais, cuja alíquota já era de 4,38%. Com o novo cenário, a diferença caiu bastante.

Dica para viajantes

Quem pretende viajar para o exterior ou usar serviços como Wise deve:

  • Simular os custos com o novo IOF
  • Comparar opções de envio e compra de moeda (Wise, bancos, corretoras)
  • Avaliar se ainda vale a pena usar cartões pré-pagos internacionais ou antecipar a compra de moeda física
Picture of Diego Nunes

Diego Nunes

Fundador do Manual do Passageiro e especialista em emissões de passagens aéreas, milhas e cartões de crédito.

Este blog utiliza cookies para garantir uma melhor experiência. Se você continuar assumiremos que você está satisfeito com ele.